O processo do século XXI

"-São esses os códigos de lei estudados aqui  - disse K. -,  é por homens assim que devo ser julgado". Essas são as indiferentes e resignadas palavras que o personagem principal do romance O processo, Josef K., sentencia após folhear o único livro sobre a mesa do juiz que presidira a sua audiência. O compêndio em questão não se tratava de autos processuais, ou de um código específico, como incialmente pensou K., mas sim um livro de contos eróticos. A conformação do personagem de Franz Kafka (1883-1924) reflete sua íntima convicção sobre o aparelho burocrático jurisdicional: incompetente e mecânico.

A

O processo do século XXI

A inevitabilidade das ordens naturais

Antes mesmo da criação de governos, as ordens naturais já permeavam as normas de condutas. Assim, nas sociedades que não possuíam um sistema político organizado era comum a presença de ordens naturais arcaicas, pautada nos valores tradicionais que foram naturalizados através de histórias, contos e mitos. Dessa forma, essas normas eram aplicadas a todos os integrantes de forma igualitária, já que não haviam hierarquias bem estabelecidas nessas sociedades.

Contudo, com a invenção dos governos ocorreu uma revolução nessa ordem arcaica e nos conduziu à ordem natural antiga, que inseriu as hierarquias sociais hereditárias e a divisão entre governantes e governados

A ordem natural

Autores: Alan Alves Ferro, Anna Beatriz Fontes Pacheco, Eduarda Souza Dantas Martins Torres, Karine Soares Martin da Silva, Marcos Roberto Medeiros e Vítor Imbroisi Martins.

Nas palavras de Alexandre Costa1, os humanos, ao longo de muitos anos, cultivaram a ideia da existência de uma ordem natural - cosmos, tao ou outra - ordem essa que possui uma “dimensão normativa (nomos, li, dharma, jus) que deve ser estritamente observada pelas comunidades humanas”. Sua ruptura provocaria o caos, violência e desordem, por imposição do divino, da inevitabilidade do destino ou pelo o que seria o fluxo natural dos acontecimentos.

Para Alexandre