Autores: Bárbara de Oliveira Aguiar, Lucas Moreira Ribeiro, Ludmila Laiara de Oliveira Queiroz, Mário Pereira Machado Filho, Samuel Lucas Machado Lopes

1. INTRODUÇÃO

Descobrir as causas estruturais e as experiências do sofrimento mental nos parece ser uma temática bem apropriada ao atual momento de Pandemia por Covid 19. Afinal, o conflito é experimentado tanto físico quanto emocional, por causa de fatores internos como patologias e, devido a fatores externos como traumas, resultados de ambientes econômicos, políticos ou naturais, são fatores que contribuem por exacerbar o sofrimento mental da sociedade contemporânea.

Em tese, as raízes do sofrimento mental são mais do que biológicas, elas englobam o social, a desigualdade social e outros estressores de considerações etiológicas igualmente importantes.

Portanto, uma verdadeira compreensão das condições sociais que caracterizam o sofrimento mental contemporâneo requer múltiplas perspectivas e construções filosóficas. Em razão de tamanha complexidade iremos recorrer a pensadores como Sigmund Freud e Zygmunt Bauman para compreender a realidade em que a sociedade está atualmente imersa.

Posto isto, em uma tentativa de compreensçao do mal-estar da civilização contemporânea, o presente estudo tem como objetivo geral elucidar as condições sociais que caracterizam o sofrimento mental contemporâneo, por meio das proximidades e diferenças dos diagnósticos de Freud (mal-estar da civilização) e de Bauman (mal-estar da pós-modernidade) e se esses fenômenos são úteis, ou se seriam eles descompassados perante os desafios dessa “nova normalidade pandêmica” gerada pela Covid-19.

2. DESENVOLVIMENTO

Para iniciar as discussões pretendentes neste estudo, se faz necessário apresentar o período conhecido como modernidade e, posteriormente, a pós-modernidade. Bauman (1999) apresenta a modernidade como sendo um projeto de “derretimentos” das noções e fundamentos que sustentavam o mundo como era mostrado (hierárquico, obscuro, etc.) e a pós-modernidade é um momento de liquefação de certezas.

Machado e Feitosa (2020) apresentam que a valorização do consumo, o medo do fracasso e a grande cobrança de toda a sociedade para que seus componentes sejam cada vez melhores, acarretam fragilidade dos laços afetivos, tornando as relações superficiais e competitivas.

Ademais, os laços afetivos criados e cultivados pelas pessoas são frágeis e, como consequência desta fragilidade, esses laços são facilmente desfeitos sem grandes prejuízos, em primeiro plano. Como bem apontam Silva et al., (2017) essa falta de entrelaçamento faz com que se crie a sensação de desamparo, acarretando, posteriormente em patologias (ou no agravamento das já estabelecidas) decorrentes pelo sofrimento.

O sofrimento é amplamente contextualizado como doença mental na psiquiatria contemporânea. O sofrimento mental é mais do que conjuntos de sintomas e diagnósticos médicos; é um processo interpretativo e uma resposta emocional baseada em uma miríade de fatores, desde sensações físicas até a complexa teia de afiliações sociais (FRANCA, 2021).

Para tanto, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), refere o sofrimento mental como algo difícil de definir; sendo uma experiência, um estado de ser que precisa de uma explicação que vai além da doença. Infelizmente, atualmente, as patologias relacionadas à saúde mental são os principais motivos de incapacidade e até suicídio em todo o mundo. Transformando-se em um mal-estar nos dias atuais (INADA,2011).

Corroborando com Machado e Feitosa (2020), é possível afirmar que a constatação da ampliação de patologias relacionadas às questões psicológicas exige a apuração dos elementos que intensificam essa situação. Ademais, no cenário contemporâneo, a hegemonia dos sofrimentos mentais é o resultado direto das novas disposições alusivas apócrifas pelos discursos sociais atuais, que permeiam os sujeitos, resultando em maneiras de subjetivação próprias através do tempo.

Nesse viés, desde o início do capitalismo até os dias atuais, nunca houve uma sociedade com tanto sofrimento mental, como o que acontece agora na denominada pós-modernidade, mediante as novas configurações decorrentes do atual cenário vivenciado pela civilização mundial, aumentando ainda mais o sofrimento mental da sociedade perante ao isolamento ocorrido com a pandemia da Covid-19.

Em razão da tamanha complexidade do tema, o presente estudo tem o propósito de analisar o sofrimento contemporâneo, com embasamento teórico a partir das considerações de Sigmund Freud "o mal-estar na civilização", e Zygmunt Bauman "o mal-estar na pós-modernidade", os quais enfocam as particularidades vivenciadas nos dias atuais.

Nessa vertente, importa pontuar que o mal-estar na civilização é um texto do médico psiquiatra e pai da psicanálise Sigmund Freud (1856- 1939), que discute o fato de que a cultura produz mal-estar no ser humano, pois há uma dicotomia entre instintivo e civilização, ou seja, entre o indivíduo e a sociedade. Vale ressaltar que o mal-estar na concepção de Freud:

Encontra-se intrinsecamente relacionado às consequências da felicidade humana. Ele referiu que grande parcela do fato sobre a miséria humana, advém do resultado da civilização, então haveria mais felicidade se as pessoas voltassem às épocas
primitivas (FREUD, 1930, p. 28).

Como é impossível retornar a épocas primórdios, Sigmund Freud ensinou que em busca do bem estar da civilização, "a sociedade é oprimida em sua pulsão e vivencia em mal-estar". Além disso, Freud ainda assevera que: "mediante a educação que as pessoas recebem, elas são condicionadas a reprimirem todos os seus desejos mais lascivos" (NASCIMENTO, et al. 2014).

Para preservar a vida em comunidade, as pessoas limitam-se na atuação das pulsões, o que pode causar sofrimento à sociedade. Portanto, Freud ilustra que "a felicidade é uma meta inatingível". Freud (1930, p. 27) ainda aduz que: "as pulsões reprimidas exercem pressão em busca de satisfação, colocando em risco a civilização e suas conquistas".(Pulsão: designa, em psicanálise, o impulso energético interno que direciona o indivíduo).

Em sua obra, Freud deixa claro que, a seu ver, a cultura produz mal-estar na humanidade. Isso porque há uma contraposição entre a civilização e as demandas produzidas pela pulsão, pois uma subverte a outra. Assim, o indivíduo acaba se "entregando ao que a sociedade prega, e se sacrificando de sua essência" (FREUD, 1930, p. 31).

Em síntese, na busca de não ser desprezado e excluso pela sociedade, o indivíduo reprime seus princípios e desejos, sucedendo a acompanhar os preceitos que a sociedade determina, mesmo não concordando com elas. Além do mais, no tocante de tais reflexões acerca de "sacrificar sua essência", a sociedade vivencia mal-estar e fontes de sofrimento desde sua gênese, até os dias atuais (FRANCA, 2021, p. 16).

Em face disso, para tentar diminuir e esquecer o mal-estar advindo pelos problemas através do "sacrifício da essência", as pessoas perpassam por algumas fontes de sofrimento no viés da pulsão, sendo que estas ainda ameaçam os seres humanos, podendo inclusive enfocar a morte (por exemplo, suicídio).

Para Silva, et al. (2017, p. 410), o sofrimento gerado com a morte é uma das fontes que mais pode gerar dor. Sendo ainda citada como uma condição social, que é caracterizada através do sofrimento mental contemporâneo, amplamente desencadeada pela depressão. Sendo que a morte, isto é, o suicídio, no contexto de sofrimento mental contemporâneo, é enfocado como sendo a "solução que algumas pessoas encontram para terminar com seu sofrimento".

Na sociedade moderna, o suicídio faz parte de um processo maior de mudança social, sendo o sinal mais tangível do processo de modernização. O enfraquecimento da coesão social secretada pela revolução cultural e pelos modernos processos de individualização decorrentes do desenvolvimento da industrialização explica o aumento das taxas de suicídios nas sociedades modernas. Diferenciação de funções e interesses, pluralismo de valores, enfraquecimento de fortes tradições compartilhadas e fundamentos transcendentes da solidariedade social refletem no sentido de pertencer a grupos sociais e identidade individual, impedindo formas fortes e estáveis de identificação e quebrando laços sociais como os laços familiares e religiosos que em si são capazes de proporcionar um efeito profilático ao suicídio (DURKHEIN, 2003, p. 55).

Apresenta-se o suicídio como libertação de sentimento profundo (nem sempre passível de qualificação), o indivíduo não consegue mais lidar com a falta de relações, identidade, desamparo, ruptura familiar e afetivo, constituindo-se como maior e potente manifestação de autodestruição. Além disso, a sociedade contemporânea vive em um momento delicado pandêmico, exarcebando seu sofrimento psíquico (FRANCA, 2021).

Por outro lado, segundo Machado e Feitosa (2020, p. 9339), quanto mais fracos são os laços com grupos de pertencimento, menos o sujeito “depende deles, tornando-se a cabeça solitária de si mesmo” e seguindo “apenas as regras de conduta baseadas em seus próprios interesses privados”. No entanto, a ênfase cultural na auto-realização pessoal, mesmo em detrimento do interesse coletivo, gera sua própria corrente acerca do sofrimento mental, intensificando a medida em que isola o indivíduo.

No eixo contemporâneo, o sofrimento mental é compartilhado com a visão de pós-modernidade que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925- 2017) deixou por sua análise. Fazendo uma vigorosa reflexão sobre os anseios modernos, estabelecendo ligações diretas com a famosa civilização e o mal-estar de Freud. Bauman (1999) inverte a ordem do social pela busca de liberdade.

Segundo Baumann, a marca da pós-modernidade é a própria vontade de liberdade individual, princípio que se opõe de forma direta à segurança projetada em torno de uma vida estável. Bauman entende que na modernidade sólida os conceitos, ideias e estruturas sociais eram mais rígidas e inflexíveis (BAUMAN, 2001).

Nesse ínterim, na pós-modernidade a sociedade sofre com a violação de valores, ideais e liberdade excessiva, em que a insegurança permeia nos relacionamentos, tornando difícil o estabelecimento de vínculos. Onde a razão dá lugar à realização excessiva dos desejos, e a insegurança medeia às relações, provocando uma fragilidade na criação de vínculos, produzindo assim num mal-estar coletivo (SILVA, 2012).

O sentimento de liberdade individual foi alcançado e a sociedade pode se sentir mais livre para atuar de acordo com suas vontades. Contudo, essa liberdade não assegura absolutamente um estado de alegria. Igualmente ela pleteia a incubência da sociedade por suas ações, atribuindo a competência de todos seus problemas para a própria sociedade. À vista disso, na sociedade contemporânea emerge o individualismo e em relações efêmeras, prococando um "vazio" na sociedade (BAUMAN, 2001, p. 71).

Além disso, é imperativo pontuar que, Bauman foi um perspicaz observador da modernidade e da mente por trás do brilhante conceito de "sociedade líquida", que é uma representação precisa da atual condição do mundo em que vivemos. No qual a insegurança, a incerteza e o individualismo são os fatores dominantes. Defendendo a ideia de que a sociedade líquida, enfatiza o fato da mudança dentro da sociedade, ele argumenta que a “mudança” está ocorrendo cada vez mais rapidamente no mundo moderno. Nesse viés o sofrimento mental prova ser o sinal tangível desse processo de modernização (NASCIMENTO, 2014).

A teoria de Bauman (1999) tenciona a encontrar estabilização ou queda nas tendências gerais de taxa ao que tange o sofrimentos mentais. Portanto, um processo gradual de adaptação ao estresse da modernização, associado a baixos níveis de integração social, parece ser ativado na sociedade moderna.

O sofrimento mental prova ser o sinal tangível desse processo de modernização que, por um lado, contrai a esfera da existência sob a autoridade das tradições e conduz à autonomia, à responsabilidade pessoal e ao individualismo que em si é desejável, por outro lado, simultaneamente, alimenta os germes do mal-estar social, identificando suas manifestações mais perigosas na desintegração do grupo, enfraquecimento dos laços primários e isolamento social (BAUMAN, 2001, p. 62).

Bauman escreveu páginas vívidas sobre esse aspecto da modernidade, sobre o vazio existencial que representa as chamadas crises do homem moderno. Mais especificamente, a vida não tem mais sentido porque não tem propósito, simplesmente porque a sociedade tornou-se cada vez mais individualista. Definindo a sociedade contemporânea como a "sociedade da incerteza, modernidade líquida, individualizado sociedade, para indicar a predominância de incerteza, perda de sentido, liquidez e individualismo." Isso é consequência de uma mudança acelerada que desequilibrou o sistema de vida anterior (NASCIMENTO, 2014, p. 18).

O esvaziamento da percepção do futuro implica na incapacidade de justificar os estados de privação e frustração, os quais já não são apaziguados por uma intercessão pessoal sistemática, como a consciência moral ou social, e torna-se a causa de um “sofrimento sem sentido que assume a forma de um iminente e inescapável destino". Esse tipo de sofrimento é clinicamente designado como depressão (DURKHEIM, 2003).

Quanto mais o egoísmo aumenta, mais o isolamento social, a perda de identidade e a perda do sentido da própria vida aumentam. Consequentemente, a Teoria de Zygmunt Bauman "o mal-estar na pós-modernidade "parece sugerir uma interpretação do processo de crescimento do sofrimento mental conduzido como suscetível de um aumento progressivo, potencialmente ilimitado, à medida que a modernização aumenta.

Nesse viés, as proximidades e diferenças dos diagnósticos de Freud e Bauman, são úteis e contribuem para o entendimento da realidade em que os indivíduos estão imersos no contexto atual dessa “nova normalidade pandêmica”. De modo que, Freud revela sua inquietação através das incertezas acerca do futuro da sociedade, sustentando que o resultado do sofrimento possui origem social. Já Zygmunt Bauman demonstra a solidão de forma amplamente presente, ou seja, o social e a solidão podem perpetuar o chamado sofrimento mental contemporâneo, podendo até advir para o suicídio, conforme verificado no estudo.

Nesse tocante a atual normalidade pandêmica desorganizou drasticamente as relações e as questões sociais, com uma velocidade de penetração não previstas ou esperadas. (FRANCA, 2021).

Acompanhada pelo medo da morte, de perder um ente querido, e de ficarem sem labor, as pessoas se isolaram ainda mais. Se antes as pessoas “desejavam” esse isolamento, intensificado como uma face da era digital, hoje as pessoas são obrigadas a se isolar para evitar que o vírus circule, a fim de preservar vidas. É fato de que a exarcebação do isolamento social pela questão da covid-19, fez aumentar as patologias decorrentes do sofrimento mental, embasadas pelas incertezas e pelo medo. Ademais, conforme Freud explica, o indivíduo acaba se "entregando ao que a sociedade prega, e se sacrificando de sua essência". Como igualmente o mundo moderno, afeta a vida dos seres humanos a medida do "esvaziamento" que Bauman elucida em suas obras.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Freud, já apresentava o fator de haver uma oposição entre os impulsos do sujeito e as regras de uma sociedade, isto é sentido por um sucessivo mal-estar. Além do mais, a sociedade contemporânea valora o “ter” e o “possuir”, esquivando-se, de maneira lastimável, do ser, de forma que diminui a sua essência. Essência está que, para Freud é diminuída muitas vezes para atender o anseio da sociedade desde épocas primóridas, estendendo para a atualidade.

Como reflexo disso, o indivíduo se isola, pouco interage, já que percebe o quanto superficial as relações presentes na sociedade se tornaram, havendo um sentimento de não enquadramento aos novos moldes sociais. Dessa forma, conforme Bauman apresenta, a sociedade contemporânea despreza os sintomas de sofrimento decorrente das relações sociais, a deterioração e decadência da mente. Trata-se de uma forma de alienação, a qual impossibilita a evasão do mal-estar.

A partir da percepção destes sentimentos acerca das relações sociais dos dias contemporâneos, as quais deixaram de ser duradouras para descartáveis, somado ao isolamento pandêmico; a solidão passa a ser a companhia mais próxima da sociedade. Para Bauman fatores como: o fraco vínculo social, a sociedade consumista e flúida corroboram como consequência direta para o sofrimento mental contemporâneo.

Mediante a tudo o que fora demonstrado no presente, se verifica o individualismo como propulsor da sociedade contemporânea. Independentemente dos interesses coletivos, a auto-realização sobrepõem qualquer relação interpessoal levando as pessoas a reconhecer a estrutura dicotômica da relação dos indivíduos e a sociedade em que estão inseridas.

Deste modo, é possível concluir que o isolamento se apresenta como um resultado direto do sofrimento mental contemporâneo, e também, como um fenômeno coletivo, no qual a liberdade do homem se encontra de maneira reduzida e limitada com base nas fracas relações estabelecidas, onde a valorização do si se tornou valor ético. O olhar ao outro deixou de ser necessário, passando as necessidades físicas humanas, substituídas pela fluidez dos tempos modernos.

Atualmente temos o Sofrimento Mental Contemporâneo sendo intensificado no contexto da pandemia, pois, ontem o isolamento foi escolha e hoje é uma obrigação. Nesse viés, o sujeito se submete as regras pré estabelecidas que a sociedade impõe, acarretando em uma aumento da sensação de mal-estar, perfazendo um sofrimento mental pré anunciado perante a sociedade contemporânea.

4. REFERÊNCIAS

BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Cambridge: 2001.

BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 1999.

DURKHEIM, Emilé. Durkheim: sociologia. São Paulo: Ática. 2003.

FRANCA, Joseilton Batista. Mal-estar na (pós) modernidade: apontamentos entre Bauman e Freud. Medline. 2021.

FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização (1930). Cienbook. Versão atualizada. 2020.

INADA, Jaqueline Feltrin. Felicidade e mal-estar na civilização. Revista Digital AdVerbum, v. 6, n. 1, p. 74-88, 2011.

MACHADO, José Cristiano Matos; FEITOSA, Augusto César. O Mal-Estar na contemporaneidade: diálogos interdisciplinares entre Freud e Bauman. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 2, p. 9333-9345, 2020.

NASCIMENTO, Marcio Lima do et al. Do mal-estar em Freud ao mal-estar em Bauman. Oxford. 2014.

SILVA, Gilza da et al. Práticas de cuidado integral às pessoas em sofrimento mental na atenção básica. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 37, p. 404-417, 2017.

SILVA, Magali Milene. Freud e a atualidade de O mal-estar na cultura. Analytica: Revista de Psicanálise, v. 1, n. 1, p. 45-72, 2012.