Hannah Arendt e as demonstrações de poder

Autores: Jezebel de Melo Eiras, Nikolly Milani Simões Silva e Roberto Augusto Brito Alves.

1. Biografia

Hannah Arendt nasceu na Alemanha em 14 de outubro de 1906. Aos 3 anos sua família mudou-se para a Prússia. Em 1933, com a ascensão do nazismo, a filósofa se afastou da filosofia para lutar pela resistência antinazista. Chegou a ser presa pela Gestapo, quando decidiu, após sua libertação, deixar a Alemanha. Depois de passar pela França, encerrou sua busca por exílio nos Estados Unidos, onde foi naturalizada em 1951 e onde publicaria, no mesmo ano, “A Origem do Totalitarismo”. A autora publicou também “A Condição Humana” (1958), “Entre o Passado e o Futuro” (1961) e “Eichmann em Jerusalém” (1963).

2. Principais contribuições

Por ter sido fortemente marcada pela perseguição dos judeus pelo regime nazista e pela constante situação de exílio, boa parte das obras de Hannah Arendt são focadas em compreender o totalitarismo e os motivos pelos quais a humanidade tornou-se tão bruta no século XX.

Influenciada por filósofos como Sócrates, Santo Agostinho, Kant e Heidegger, Arendt buscou praticar a filosofia como prática moral e a vida como um conjunto de atos pelos quais quem praticou deve tomar responsabilidade. Ainda, adotou a ideia kantiana de que a humanidade deveria sempre buscar a evolução à procura da paz entre os povos.

Além disso, a filósofa escreveu muito sobre o totalitarismo. Segundo suas obras, o totalitarismo tem como base os pilares da ideologia do inimigo e do terror. Neste cenário, não há qualquer autonomia do povo, qualquer manifestação de vontade que não seja reprimida e o regime se resume às imposições, à opressão política e dominação do poder popular.

Na visão da autora, a violência é utilizada como instrumento coercitivo no momento em que o apoio popular é perdido, com o intuito de manter a estrutura de poder. No entanto, com a utilização da violência, essa estrutura torna-se provisória e, portanto, perderá sua efetividade rapidamente.

Ademais, Hannah Arendt também alcançou muitas pessoas com suas definições de violência, poder, vigor, força e autoridade. Suas definições serviram para ensejar que o poder e violência não podem estar presentes no mesmo ambiente. Além disso, em sua obra “Sobre a violência” a autora destaca o importante papel que o poder popular possui na luta contra a violência exercida por governantes e pelo excesso de autoritarismo que permeava o mundo na época.

Para Arendt, as instituições políticas são manifestações de poder popular e que acabam quando o apoio do povo deixa de sustentá-las.  O apoio popular seria como se fosse uma fonte do poder, em que os grupos são capazes de delegar a indivíduos posições entendidas como “de poder”.

Embora a autora não apareça com frequência nas questões da prova da Ordem, colacionamos abaixo uma tabela com a definição dos principais termos descritos por Hannah Arendt:

PODER

Habilidade para agir em concerto. Nunca é propriedade do indivíduo, exige o consenso de um grupo; permanece existindo apenas enquanto o grupo permanecer unido. 


VIGOR 

Propriedade individual, pertence ao caráter de uma pessoa. Capacidade da pessoa se destacar na relação com outras pessoas. 

FORÇA

Energia, fenômeno físico/social. Mudança de contexto, evento externo, movimento do mundo. Deve ser utilizado para elementos naturais.  

AUTORIDADE

Reconhecimento a quem se deve obedecer; é revestida em pessoas ou cargos. 

VIOLÊNCIA

Instrumento para contornar a ausência do poder. 

Diante do exposto, fica evidente a relevância e a representatividade de Hannah Arendt, que tratou dos mais diversos temas, além de escrever sobre problemáticas que na época eram extremamente polêmicas. Seu protagonismo e indignação com a realidade do mundo fizeram com que a filósofa tivesse uma história que retrata muita luta.

3. Perfil das questões anteriores na Prova de Ordem

No ranking de questões do Exame de Ordem, Hannah Arendt aparece como autora do tema relacionado à perda da comunidade e origens do totalitarismo.

Hannah Arendt era crítica do marxismo, que a partir da ideia da necessidade de Estados-nação fortes, permitiu que a ascensão de regimes totalitários fosse possível. A convergência do poder político, o endeusamento de um líder e a escolha de um inimigo do povo são características de todos os regimes totalitários que tomaram poder no século XX e que, de alguma forma, foram influenciados pelo Estado totalitário de Stalin, este influenciado por Marx.

A filósofa era defensora de um Estado garantidor dos direitos e liberdades individuais que os defendesse com garras e dentes e tem como um de seus conceitos mais citados a “banalidade do mal”, no qual o praticante do “mal banal” não têm como finalidade a ação em si, mas outros motivos externos a ela. Para Hannah Arendt, um dos atores que mais representou o conceito de banalidade do mal foi Adolf Eichmann, cujo papel no regime nazista era o transporte de prisioneiros judeus para os campos de concentração.

4. Referências

ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo. Hannah Arendt; tradução Roberto Raposo. — São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

ARENDT, Hannah. Sobre a violência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.